Ricardo Nunes
Ricardo de Morais Nunes

Presidente da CEPABrasil

Já há alguns anos estamos vivendo uma onda de ódio político no Brasil. A intolerância, o sectarismo, a violência física e discursiva, estão cada vez mais presentes no dia a dia da política nacional. Cabe a nós, brasileiros, espíritas ou não, nos perguntarmos neste importante momento de decisão eleitoral, o que de fato queremos para o nosso país.

No Brasil do início do século XXI ainda há milhões de pessoas sem acesso aos bens fundamentais à vida como alimentação, saneamento básico, educação , saúde, trabalho, moradia digna, entre outros bens fundamentais à dignidade humana os quais já deveriam, em pleno século XXI, estar disponíveis a todos os brasileiros.

Os problemas políticos, econômicos e culturais de nosso país têm sua origem em processos históricos seculares de exclusão social e dominação de variada natureza: do racismo estrutural à LGBTQI+ fobia, da misoginia ao preconceito ao pobre, da corrupção de certos setores públicos e privados em conluio aos privilégios nada republicanos de elites encasteladas no Estado, temos desafios imensos que precisam ser enfrentados imediatamente.

Precisamos, igualmente, olhar para além das aparências imediatas e enxergar os problemas estruturais profundos da sociedade brasileira. Em termos estruturais, vivemos em uma sociedade capitalista, periférica e dependente, em relação ao centro do capitalismo mundial, a qual produz cada vez maiores abismos econômicos e sociais entre as pessoas e, como consequência, se torna cada vez mais antidemocrática.

Infelizmente, no Brasil dos últimos anos, a luta de classes se acentuou. A acumulação de riqueza de alguns poucos tem resultado em miséria de muitos. A exclusão a direitos sociais e o desamparo dos mais simples é evidente. As ruas de nossas cidades mostram claramente essa triste realidade.

Porém, somos todos brasileiros. Temos uma história comum que nos une e que nos faz pertencer ao mesmo território, à mesma nacionalidade. Somos filhos dos portugueses, dos negros e dos indígenas, entre outros povos que constituem a nossa riquíssima diversidade étnica e cultural. Somos irmãos, não somos inimigos ou, pelo menos, não deveríamos ser. A bandeira do Brasil é patrimônio comum de todos os brasileiros.

O Brasil precisa se tornar um país realmente civilizado com liberdades democráticas e justiça social. As liberdades individuais não podem esperar, mas a fome e o desamparo também não. Há muito por fazer, mas não será com o ódio político que faremos.

O espiritismo, desde sua fundação na França do século XIX, nasceu sob a orientação de um generoso professor humanista, herdeiro das luzes do iluminismo filosófico e dos grandes ideais da revolução francesa. As ideias de liberdade, igualdade e fraternidade, e de um mundo melhor para todos os seres humanos, atravessam toda a obra do professor Rivail, nosso Allan Kardec.

Dentro das possibilidades, imperfeições e limitações do real, lembremos, nestas eleições de 2022, destas ideias fundamentais ao pensamento social espírita. É certo que uma eleição apenas não é suficiente para resolver problemas tão profundos e graves pelos quais passa a sociedade brasileira. Como espíritas, não acreditamos em milagres.

Porém, o voto é o mínimo básico, irrenunciável, em uma sociedade que cultiva os valores e instrumentos da democracia e que pretende ampliá-los à sua realização máxima. Que possamos fazer bom uso deste instrumento fundamental e que nossas escolhas sejam compatíveis com os valores que aprendemos na generosa filosofia dos Espíritos.

Que deste pleito eleitoral surja um Brasil com mais esperança para todos os brasileiros!

Ainda não tem conta? Cadastre-se AGORA!

Entre na sua conta